A PAZ É UMA EXIGÊNCIA

Ukraine

A PAZ É UMA EXIGÊNCIA

O dia 24 de fevereiro assinalou um ano sobre a invasão da Ucrânia. A ofensiva que Vladimir Putin pensava resolver em poucos dias, originou afinal uma guerra longa, causando centenas de milhares de vítimas e uma vasta destruição do país invadido. Ao longo deste ano de guerra, milhões de ucranianos saíram do país, mantendo acesa a esperança de um rápido regresso a casa. São muitos os que ainda desesperam à procura de alguma estabilidade e condições dignas, e são muitas as famílias separadas e as crianças que permanecem sem escola. Bem sei que este é o cenário de devastação que todas as guerras anunciam e, infelizmente, são muitas as guerras no mundo.

A agressão de Putin provocou uma resposta rápida de um grande número de países democráticos, no sentido de se conseguir uma resposta contundente face a uma violação intolerável da legalidade internacional. Washington e Bruxelas têm-se destacado na coordenação de um vasto conjunto de medidas de ajuda militar e financeira à Ucrânia, e sucessivos pacotes de sanções à Rússia. Na União Europeia, os países não só se mantiveram unidos, como responderam rapidamente e afetaram recursos financeiros para apoiar Kiev.

Numa perspetiva do mundo, percebemos que esta guerra é cada vez mais um conflito limitado à Europa. Vai-se apurando essa leitura em múltiplos contextos de decisão internacional, sendo muitos os países não alinhados que não estão dispostos a sancionar a Rússia. Na Europa, cresce o desejo de paz, mas os cidadãos europeus mantêm-se solidários com a Ucrânia e com o povo ucraniano. À medida que o conflito escala, mais determinados se tornam os ucranianos e a guerra parece ser a única saída. Do outro lado, Vladimir Putin nem sequer disfarça o desprezo pela vontade de um povo que escolheu a liberdade e continua a defendê-la corajosamente todos os dias. Em todo o caso, só a diplomacia pode conseguir algo que se assemelhe a um acordo de paz viável.

Neste quadro de dubiedade, Putin não mostra intenção de renunciar às armas. Parece improvável que a Rússia alguma vez renuncie à sua pretensão da Crimeia, que ocupa desde 2014, e que considera território da Rússia, mas a paz deve continuar a ser o objetivo de toda a ação de apoio à Ucrânia. É a única configuração que permitirá aos russos começar a inverter a sua alienação económica e social da Europa, e a única forma dos europeus reafirmarem a ordem do pós-guerra que lhes trouxe décadas de relativa estabilidade, prosperidade e segurança. Mas é certo que uma diplomacia credível só terá espaço se a Rússia respeitar a soberania e a integridade territorial da Ucrânia.

Para além do sofrimento e da perda de vidas humanas que cresce todos os dias, os custos associados aos recursos materiais continuam a aumentar, e esta tendência só pode agravar, causando maior convulsão económica e social. São motivos mais do que suficientes para nos sentirmos encorajados a insistir nas negociações e na procura de uma solução de compromisso que não admita qualquer ganho territorial para a Rússia, mas que lhe permita salvar a face. Neste conflito, são múltiplos os interesses em jogo, envolvendo intensas negociações geopolíticas, de tal modo que os objetivos de paz se podem julgar inatingíveis, mas surgirá com certeza espaço para um compromisso que permite satisfazer ambos os lados.

Helena Freitas, Diário de Coimbra, 28.02.2023

Helena Freitas

Autora: Helena Freitas

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