A PROTEÇÃO DA FLORESTA AMAZÓNICA E A PRESIDÊNCIA DO BRASIL

Amazónia

A PROTEÇÃO DA FLORESTA AMAZÓNICA E A PRESIDÊNCIA DO BRASIL

A eleição de Luiz Inácio Lula da Silva põe fim à liderança de extrema-direita de Jair Bolsonaro e ao tormento que o seu mandato representou para o Brasil e para o mundo. Foram anos marcados por uma gestão desastrosa da pandemia, pelo avanço da desflorestação da Amazónia e por sucessivos ataques à democracia. Ao perder as eleições, Bolsonaro não foi capaz de assumir a derrota e não felicitou o adversário; remetendo-se ao silêncio, permitiu que se instalasse o receio pela intensificação de conflitos nas horas que se seguiram ao anúncio da vitória de Lula da Silva. Felizmente, as instituições tiveram a clarividência necessária para evitar o sobressalto cívico e o Brasil acabou por dar uma lição de democracia. O presidente ainda em exercício terá agora de pugnar por uma transição pacífica de poderes e é importante que o Brasil não perca mais tempo.

É certo que a situação política é difícil para o novo presidente Lula da Silva: o Bolsonarismo continuará ativo e presente no Congresso do Brasil, bem como em muitos estados do Brasil, desde logo em São Paulo, que será liderado por um ex-ministro de Jair Bolsonaro, mas haverá oportunidade para travar e reverter as políticas mais nocivas. Na área do ambiente, o governo de Bolsonaro não só enfraqueceu a administração como também cortou nos orçamentos, capacitou os setores mais desfavoráveis aos povos indígenas e à proteção das florestas, e deu muito poder ao agronegócio. Nas regiões onde o agronegócio é forte, a desflorestação, os incêndios, a exploração mineira ilegal e a ocupação de áreas protegidas proliferaram com Jair Bolsonaro. Nos últimos meses, tendo a perceção de que estaria próximo o fim da permissividade governamental perante o crime ambiental, intensificaram a ação destrutiva, em particular a desflorestação da Amazónia. Uma destruição ainda mais crítica quando se sabe que o desaparecimento da floresta alterará o clima e o regime pluvial, acabando por condenar a agricultura e arruinar o próprio agronegócio. Uma política governamental que permite e incentiva a rápida desflorestação põe na verdade em risco o futuro do Brasil.

Lula da Silva venceu as eleições por uma pequena margem, e tem agora uma oportunidade única para governar um país que mudou e que não lhe perdoará os erros do passado. Aos 77 anos, este ex-sindicalista e fundador do Partido dos Trabalhadores, realiza um dos mais invulgares regressos ao poder, depois de ter estado algum tempo na prisão acusado de corrupção. No seu discurso na noite eleitoral, Lula prometeu restaurar a paz e a unidade, numa clara mudança em relação ao mandato de Bolsonaro. Comprometeu-se também a lutar contra a pobreza e a fome, a lutar pela conservação da Amazónia e a recuperar um posicionamento ativo do Brasil na política ambiental internacional.

Poucas horas depois de ganhar as eleições, Lula da Silva comprometeu-se a travar a destruição da floresta amazónica e a colocar o Brasil na liderança internacional das questões climáticas, e planeia participar na Conferência do Clima da ONU (COP27), embora só tome posse em Janeiro. Esta conferência realiza-se em Sharm El Sheikh, no Egipto, de 6 a 18 de Novembro, e esperam-se mais de 40.000 pessoas provenientes de 196 países, e cerca de 1OO chefes de Estado e de Governo. Em Dezembro decorrerá a Conferência sobre a Biodiversidade (COP15), no Canadá, e a esperança residirá agora numa participação ativa e responsável do Brasil, com inevitável destaque para a proteção da floresta amazónica.

Helena Freitas

Autora: Helena Freitas

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